Vinha dizer adeus mas reparei
Que na faia do pátio era Setembro
Vinha dizer adeus mas encontrei
Um livro na cadeira do alpendre
Vinha dizer adeus mas as maçãs
Estavam no forno a assar e esse cheiro
Fez-me parar na porta das manhãs
A relembrar o nosso amor inteiro
Vinha dizer adeus mas o teu cão
Veio lamber-me os dedos hesitantes
Vinha dizer adeus mas vi no chão
A manta ao pé do lume, como dantes
Vinha dizer adeus mas senti fome
Ao ver a mesa posta para dois
Dálias e o guardanapo com o meu nome
Sem ter havido o antes nem depois
Vinha dizer adeus mas que surpresa
À passionata… o último andamento
Como se tu tivesses a certeza
Que eu ia chegar nesse momento
Vinha dizer adeus mas nesse olhar
Vi tanta solidão, tantos abraços
Tantas amendoeiras ao luar
Que me escondi chorando nos teus braços
Vinha dizer que já não estou contigo
Que este amor singular já não é nosso
Vinha dizer adeus mas já não digo
Vinha dizer adeus mas já não posso!
Rosa Lobato de Faria
Tu és a poeta eleita pelas frutas
Pelas cores, pelo aroma que têm as estações;
Só tu sabes ser a água fresca
Pelo meio da poesia
E trazes amoras escondidas
Num cesto já gasto.
Só tu sabes contar o amor
Como se fosse um segredo
E só tu és capaz de na alegria
Pores o estranho sabor a mel
Que quando menos se espera
Passa pela garganta da tristeza
E sai em pranto, feito fel.
És a festa dentro da nostalgia
És as cicatrizes que existem na poesia
Foste formiga que encontrou o seu carreiro
Trouxeste um mar de palavras a todos nós
Não se agradecem aos poetas
Agradecemos a Deus
Por pôr na Terra estes seres eleitos.
domingo, 26 de outubro de 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
E quanto aos poetas, são seres apaixonados, com um dom maior que esse amor que sentem, vivem e enterram.
Enviar um comentário