Hoje crescem novas palavras e a estrada ganha um sentido único; hoje apetece-me representar, viver na pele de outro, voltar a sentir todas as emoções que não são minhas e sorrir por aí (embora algumas coisas ainda mantenham o sorriso fechado mas com trabalho e esforço a boca vai voltar a ficar iluminada por essa luz que não se explica); hoje arrumei mais um bocado do passado, mandei alguns papéis fora que já não tinham sentido algum e apenas traziam lembranças (para quê papéis? A memória vai fazendo o seu percurso sem precisar de sinais passados), tudo está diferente, é o regresso ao trabalho por um objectivo a longo prazo, é uma vontade que se renova diariamente. Hoje vivo mais, sinto mais Vida, e definitivamente são estes os caminhos que quero seguir...agora...sempre...pela eternidade.
Ali, então em pleno mundo antigo
À sombra do cipreste e da videira
Olhando o longo tremular do mar
Num silêncio de luas e de trigo
(Como se a morte a dor e o tempo e a sorte
Não nos tivessem nunca acontecido)
Em nossas mãos a pausa há-de poisar
Como o luar que poisa nas videiras
E em frente ao longo tremular do mar
Num perfume de vinho e de roseiras
A sombra da videira há-de poisar
Em nossas mãos e havemos de habitar
O silêncio das luas e do trigo
No instante ameaçado e prometido.
E os poemas serão o próprio ar
- Canto do ser inteiro e reunido -
Tudo será tão próximo do mar
Como o primeiro dia conhecido.
Sophia de Mello Breyner Andresen
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
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