Quatro facas nos matam quatro facas
que no corpo me gravam o teu nome
Quatro facas meu amor com que me matas
sem que eu mate esta sede e esta fome
Este amor é de guerra de arma branca
amando ataco amando contratacas
este amor é de sangue que não estanca
quatro letras nos matam quatro facas
Amando estou de amor e desarmado
morro assaltando morro se me assaltas
e em cada assalto sou assassinado
Ninguém sabe porquê nem como foi
e as facas ferem mais quando me faltas
quatro letras nos matam quatro facas
quatro facas meu amor com que me matas.
Manuel Alegre
Há experiências que não se esquecem, coisas que nos marcam, vivências que nunca se apagam. No final de 2005, início de 2006 tive essa experiência ao acreditar num sonho colectivo (fomos mais de um milhão): o de ter Manuel Alegre na Presidência da República. O mito feito corpo é completamente diferente, ter o poeta à nossa frente é inexplicável, é ter uma fonte onde não se pode beber toda a água. Nos discursos a que tive oportunidade de assistir era visível nos olhos de todos a vontade de mudança, a vontade de alterar algo, de recuperar algo que foi nosso e que é nosso (a pátria está entrenhada em Manuel Alegre; D. Sebastião nasce nos seus dedos e não há nevoeiro algum na sua escrita), havia a esperança de um futuro literário para o país, um Portugal feito poema, ousámos acreditar...
As palavras ficam-nos marcadas para sempre, aqueles momentos ficam gravados na memória, mais do que um corpo a visão de toda uma história num Homem, um Homem para além das páginas, um Ser Humano que nasce na liberdade do pensamento, na vontade de correr contra o tempo, contra a angústia...em algumas ocasiões chegamos a acreditar que D. Sebastião tenha voltado noutro corpo.
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
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