segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Desculpa

Desculpa ter nascido com as mãos pequenas e não poder construir tudo aquilo que te digo, mas não tenho a culpa de não ter umas mãos tão grandes como a lua ou como o sol, bem sei o que vais dizer, que ninguém tem a mão do tamanho de prédios e eles são construídos por homens à mesma; então talvez tenha de reconhecer que tenho de te pedir desculpa pela minha cobardia, tenho medo que a obra fique tão grande que me engula e eu nunca mais veja a luz dos teus olhos, se a luz de Lisboa podesse ter ficar viva em algom retrato seria no teu; as tuas pernas são como duas pontes onde passa o Tejo e o teu peito são as colinas do Castelo, lá bem no alto...tens Lisboa no corpo e nem o sabes reconhecer. Apenas queria que fosses também a minha cidade, que fosses um pouco minha, não toda, não sou ninguém para ter uma cidade só para mim, um pouco de Lisboa bastava-me. Desculpa este tamanho com que nasci, mas é assim que todos nascemos, não foi uma escolha minha, foi uma coisa que me foi dada sem me terem pedido opinião. Seria tudo tão diferente se eu fosse grande, do tamanho dos arranha-céus, ou maior ainda...mas isto é apenas um sonho, e nem sempre ele comanda a vida...

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