quarta-feira, 24 de setembro de 2008
O Que Farei Quando Tudo Arde?
A janela estava aberta como sempre esteve, como se fosse esperado um visitante que nunca apareceu, como se as almas estivessem ali à espera que algo acontecesse; talvez o sol não nascesse naquele dia em respeito a ele, que ali estava, simplesmente à espera, sem contar o tempo, sem olhar para o relógio, apenas a ver o estranho rumo da natureza quando o vento se lembra de levantar as pequenas folhas que caem pelo chão. Estava um dia cinzento, daqueles que não apetece fazer nada, a não ser ficar parado e a lembrar tempos que já passaram, tempos vividos (bem vividos), de sorrisos, de amor, de beijos, das estranhas tardes de sol que só Junho sabe ter...somos tão diferentes em Setembro; Setembro tem a doce melancolia dos dias que já foram, aviva as memórias, faz-nos recordar as coisas que passaram, as coisas que ficaram, "o que farei quando tudo arde?" escreveu Lobo Antunes, o que faremos quando as memórias não queimam? Não ficam em cinzas? Quando há sempre esta fogueira dentro de nós pronta a expulsar labaredas para quem quer que se aproxime (cala-te coração! Não digas mais nada! Não vês que alguém te pode ouvir? Não vês que estás demasiado acelerado? Olha se alguém dá por ti a bater dessa maneira? O que vai pensar de mim? Sim...quem tem um coração a este ritmo não pode estar muito bem!) Não mandamos em nós, nem no que queremos, apenas podemos tentar esconder aquilo que sentimos, umas vezes com sucesso, noutras a verdade é demasiado nítida. E sabem o que nos resta quando tudo arde? Uma janela aberta...como sempre...como antes...à espera da estranha alma que tem pernas e anda...por aí.
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