sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Ficção

Ele acende um cigarro, como quem domina o tempo.

Vou-te fazer uma proposta indecente, menos própria se preferires...ah! E tu vais aceitar.

Ela sorri ligeiramente, como que se adivinhasse o que vai ser dito.

Faz então.

Ele senta-se e solta pequenos circúlos de fumo.

Esta noite...esta noite quero fazer coisas diferentes, quero sentir-me diferente, ir um pouco mais longe.

Os olhos dela mostram interrogação.

Não sei o que queres dizer com isso. O que pretendes de mim?

Ele levanta-se e apaga o cigarro mal fumado no cinzeiro. Do bolso do casaco tira uma corda branca.

Já percebes o que quero dizer? Sabes o que isto significa.

Ela solta uma pequena gargalhada, contida.

Não te sabia assim tão original...vais-me amarrar?

Ele inclina-se ligeiramente por cima dela.

Vou-te amarrar...beijar...apertar...e o que mais me apetecer.

Ela deixa-se ir.

Queres os meus braços? São teus...

Ele abre os lábios num ligeiro sorriso.

Não te incomodes, os braços não são necessários para isto.

Suor. Sangue. Odor. Gemidos. Gritos.

Sem comentários: