terça-feira, 2 de março de 2010

Esperei todas as horas como se apenas um minuto tivesse passado. Esperei por ti junto ao cais, procurei-te no jardim mais próximo, fui à tua procura por ruas que nem sequer conhecia e nem um vislumbre da tua sombra. Procurei-te, e ao tentar encontrar-te perdi-me de mim mesmo. Não sei onde fiquei, onde deixei aquilo que eu sou, perdi-me de mim e não deixei rasto. Olho as águas turvas do meu passado, sento-me no velho banco de pedra, à espera que algo aconteça. Espero ver-te chegar de qualquer parte, de qualquer lado, espero que algo aconteça. Roubei a vida que existia em mim e agora morro na imensidão do que fui. Meti por atalhos, não encontrei um caminho que fosse seguro, a que pudesse chamar de meu, nem já do meu nome eu me lembro. Alguém que me chame, que sussurre ao meu ouvido aquilo que eu fui para me lembrar daquilo que eu sou.
A fome de estar vivo é tão intensa que não há pão que mate aquilo que me rói.

Sem comentários: