É à beira da ribeira
Que Lisboa abre os olhos
Quando acorda de manhã
À cabeça da peixeira
Há fruta do mar aos molhos
Que põe mais sal na manhã
É à beira da ribeira
Que os marujos vão curtir
Os restos da bebedeira
Que apanharam a sorrir
É à beira da ribeira
Que acorda a cidade inteira
Que apregoa a vendedeira
Que a gente gosta de ouvir
Este tango ribeirinho
Sabe a Tejo e sabe a vinho
Este tango da cidade
Tem navalhas de saudade
Tem punhais de solidão
A doer devagarinho
Dentro do meu coração
Este tango ribeirinho
Tem fragatas de carinho
Tem andorinhas nas telhas
E cravos de pôr na orelha
Sardinheiras encarnadas
Junto às toalhas de linho
Penduradas nas sacadas
Este tango ribeirinho
É à beira da ribeira
Que há canalhas e há malandros
E mulheres de meia porta
Mas à beira da ribeira
Há cabazes de morangos
Que ainda nos sabem a horta
É à beira da ribeira
Que vai esperar o estivador
Uma manhã toda inteira
Que lhe comprem o suor
É à beira da ribeira
Que um ramo de erva cidreira
Traz a ternura que cheira
A Lisboa, meu amor.
José Carlos Ary dos Santos
domingo, 1 de março de 2009
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