sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ulisses e Penélope

As palavras que nunca te direi não são para aqui chamadas. Essas não importam, ficam no sítio delas, no silêncio absoluto, nesses instantes em que o tempo sabe ser ininito e nada mais. Quem me dera ser infinito...não acabar em carne, ser muito mais para além disto, ser o universo que engloba o meu ser e põe em seus braços a natureza. Gostava de gritar de vez em quando, dizer umas verdades à terra e depois cuspir nela as sementes que em mim nascessem, talvez que dessem fruto já que eu apenas sou o vegetal que encontrou em mim um arado. Há coisas que nunca vou escrever, tenho a certeza disso, as verdadeiras; e talvez...talvez por momentos as tenha escrito, num desses momentos em que nos julgamos superiores a tudo isto e capazes de escrever as frases perfeitas, quando parece que os nossos dedos são feitos de linhas e que nas nossas mãos está o poder divino de Deus; somos apenas feitos de matéria e é triste pensar que não conseguimos ser mais que um corpo com pele agarrado...


Ao longe ouvem-se barcos
E há navios a partir para Ítaca
Nenhum me leva no seu porão
Apenas me deixa nesta condição
De ser Ulisses sem encontrar repouso

Sei que existe essa Penélope
Que tece as meias do desespero
E há terras para além do meu olhar;
Acredito no doce embalo que é o marulhar
Das ondas quando morrem na praia.

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