É no prelúdio da noite que ele lembrava-se dos braços que envolviam o corpo há muito esquecido. Era naquela hora em que os bichos voltam às tocas que ele era assaltado por memórias difusas e sem sentido, como se os bichos ao correrem levassem atrás deles recordações de um tempo passado. Por vezes chorava ao ir à janela da noite e lembrar-se das estrelas que já tinham sido dele e hoje eram apenas estrelas num céu povoado de sonhos (terra de ninguém...)
Naquela noite a lua decidiu não aparecer; talvez fosse um capricho ou tivesse demasiado atrasada para outro encontro, noutro sistema solar, com algum planeta mais atrevido. Naquela noite ele não viu os olhos da lua, e fazia-lhe falta aquele olhar de onde escorria a luz que embalava as casas já adormecidas pelo tempo. Deixou-se ir no doce enleio que é o canto das flores quando esperam água vinda dos céus, mas a chuva tardava e as flores iam murchando, tal como os sonhos...
Voltou para dentro de casa e olhou ao seu redor, apenas para ver se algo lhe era familiar, foi quando chegou à conclusão que nada dali lhe pertencia, que nada daquilo era seu, que cada objecto que ali estava pertencia a uma estória que já não era a sua. Pegou numa mala e saíu.
Resta o silêncio.
domingo, 18 de janeiro de 2009
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