sexta-feira, 24 de abril de 2009

O Porquê De Ser Lume

Ai que me corre sangue
morto pelas veias da tristeza,
como parar um rio que não sabe
ter fim e que percorre todas
as partes deste corpo já comido
pelo veneno do tempo...

Ai que em mim há algo de
morto; e ressoa em mim como
se fosse um grito vindo da caverna
desse monstrengo de quem Fernando
Pessoa se lembrou de falar

Ai o porquê destas palavras mortas
este não ter rumo certo nem fim definido,
tudo está a cair pelo chão, as frutas
caem de velhas, como se fossem dentes podres
que a morte deita fora por já não conseguirem
mastigar

Ai a força da noite é maior que
a loucura do dia, e a lua é mais
traiçoeira do que o sol medonho; ai
o porquê de ser lume...e nem ter fogueira
por onde arder.

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