segunda-feira, 6 de abril de 2009

Camarim da Saudade

Fazes parte do meu espectáculo
e és um refúgio; o camarim para onde corro
sempre que o espectáculo acaba e me julgo
a pessoa mais vulgar deste mundo...

Mas junto a ti somos dama e vagabundo
encostados numa mesa qualquer a comer
estrelas com uma colher sem ver passar
o tempo

A noite não tem fim, pelo menos para
mim que não vejo o tempo a passar
e sei apenas que quando acordar
o sonho vai-se manter até eu me levantar
e o teu rosto conseguir ver

Nesse momento eu sinto-me imobilizar,
e paro em ti, a fixar esse teu olhar
onde me perco e me vou a encontrar
julgando, talvez, ao ver-te, que nunca
mais algo assim me vai acontecer

És um aplauso que tem eco em mim,
e eu ao encontrar-te perco-me assim, neste
modo de ser desencontrado, pois estando contigo
estou em todo o lado, perdendo-me para ser
encontrado

Ninguém é perfeito, e nos teus erros
eu encontro a verdade escondida por
todos aqueles que se julgam altos e não
sabem ver que a vida é uma sucessão de erros
remediáveis; também eu por vezes faço um
remendo nos teus actos, como se fossemos cenas
sem sobressaltos num palco qualquer...

Perdoei o teu erro, pois repito que ninguém
é perfeito e ainda não nasceu esse ser eleito
que virá à terra para não errar; somos humanos,
está no nosso sangue errar e talvez, de vez em quando,
acertar em algumas questões universais

Vejo-te para lá dos vitrais, como se fosses
catedral, um país que inventei (talvez Portugal)
e que desenho a cada folha que por mim passa

Esta noite perco-me contigo, e amanhã sei
que também me vou perder, pois apenas contigo
ao lado posso encontrar o caminho nunca encontrado
e descobrir novos caminhos para a Índia

Faço de ti especiaria, e a minha felicidade
não passa da alegria de amanhã saber que vais
continuar a estar aqui, e eu parado a olhar para ti
vou continuar a inventar estradas onde me possa
perder, só assim faz sentido viver...tendo caminho para
andar e nunca saber onde ir ter

Sei para onde vou, não fica longe daqui...
4680E...e sou feliz.

1 comentário:

Anónimo disse...

Amo-te. Juro que sim.