quinta-feira, 30 de abril de 2009

Esopo

Aos poucos o corpo curva-se para dar lugar a um corpo que não é o seu; a língua ganha uma nova forma e tem uma rapidez que não conhece normalmente; o ritmo acelera de cena para cena como se cada uma fosse o final de um grande acto; a respiração intensifica-se ao som de um tango com passos feitos de suor; a imaginação toma conta de tudo o resto e faz o sonho tomar forma; a farsa torna-se género sagrado e o actor torna-se mero jogador num tabuleiro onde nada pode ser comandado; ao som de um brinde num banquete a vida lá fora pára por momentos e ganha novos contornos;

Amanhã volto a dar-te vida, voltas a nascer em mim, os teus defeitos e as minhas virtudes na tua boca, aquilo que o "Judeu" um dia sonhou volta a ganhar forma, agora no meu corpo, agora sou eu, é a minha vez, bem vindo a mim...Esopo.

2 comentários:

Marta Queiroz disse...

E que bem o Esopo chegou até ti.
E quando se consegue enaltecer no meio de algumas dificuldades, o sabor da "transformação", da representação é ainda maior. Levaste na corcova, e em todas as outras partes de ti, um grande "monstro" de palco. Parabéns :)

Lídia disse...

Parabéns miúdo.