quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Passemos, tu e eu, devagarinho

Passemos, tu e eu, devagarinho,
Sem ruído, sem quase movimento
Tão mansos que a poeira do caminho
A pisemos sem dor e sem tormento

Que os nossos corações, num torvelinho
De folhas arrastadas pelo vento,
Saibam beber o precioso vinho,
A rara embriaguez deste momento

E se a tarde vier, deixá-la vir
E se a noite quiser, pode cobrir
Triunfalmente o céu de nuvens calmas

De costas para o sol, então veremos
Fundir-se as duas sombras que tivemos
Numa só sombra, como as nossas almas.

Reinaldo Ferreira

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