Ao passar pelo ribeiro
Onde, às vezes, me debruço.
Fitou-me alguém. Corpo inteiro,
Curvado como um soluço
Pelo ribeiro da minha memória
Passam os barcos do meu contentamento
Que constroem aquela velha história
De quem morre a cada momento
Que palidez nesse rosto
Sob o lençol do luar!
Tal e qual quem, ao Sol-posto,
Estivesse a agonizar...
Aquelas pupilas baças
Acaso seriam minhas?
Meu amor quando me enlaças,
Porventura as adivinhas?
Rosto negro, rosto da morte
Nascida do ventre materno
De quem cospe na cara da sorte
As labaredas de qualquer inferno
Deram-me, então, por conselho,
Tirar de mim o sentido.
Mas, depois, vendo-me ao espelho,
Cuidei que tinha morrido!
Naveguei num mar de tristeza,
Por entre deuses e corais,
Procurando aquela beleza
De me sentir entre iguais
E toda a minha mágoa
Foi dor que em mim morreu
Passei a fronteira de água
De quem chora porque nasceu.
Pedro Homem de Mello
Renato Pino
domingo, 23 de maio de 2010
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