no dia em que atiraram a rosa
do balcão do Coliseu, foi no dia em
que o cantor se engasgou no último
refrão
a plateia fingiu não ter notado
mas o homem da percussão fez uma
cara que não deixava ninguém indiferente
depois o instrumental continuou
enquanto o pobre cantor bebia uns
goles de água (como se a cortiça em
que a sua garganta se tinha tornado
tivesse alguma resolução)
da plateia, o público tentava mostrar
o mesmo entusiasmo, mas sabiam que nunca
mais iriam ver aquele homem cantar, e então
de um momento que poderia ser dos mais comuns,
nasceu um momento divino, pois tiveram a certeza
de que nunca mais iriam ver aquele homem cantar
no final, os aplausos foram tão grandes que
o pobre cantor desmaiou, e caiu mesmo em cima
de uma menina de dez anos que o via da primeira fila
a mãe acompanha a menina no hospital, não
deixando a cama onde a sua semente repousa,
à espera de melhores dias
ao enterro do pobre cantor, apareceu apenas o seu
manager, contudo, no seu rosto, adivinhava-se o desagrado
pelo facto de ainda ter dívidas para pagar
daquele que agora estava dentro de um caixão
Caronte não pediu ao pobre cantor
que cantasse uma balada...
é que não tinha trocos.
sábado, 21 de novembro de 2009
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1 comentário:
e prosa?
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