mal nascida
pelo ventre que não te quis
cresces entre os currais
entre o nojo dos animais
que te consomem a vida
não sabes do amor de mãe
e tiveste um pai que amaste
uma vida que mataste
sem te darem arma para a mão
esperas um irmão para vingar
essa morte sem amar
que a tua mãe veio a concretizar
sem te pedir autorização
o teu irmão morreu na cama
só, como os pobres a que
ninguém ama e a quem se
recusa o albergue
o teu padrasto bate-te
perante a brandura de uma mãe
que te quer casar com ninguém
pois ninguém casa quem nasceu
para viver sozinha
caminha...caminha...
caminha por entre os animais
os teus unicos jograis
no meio de tanta maldicência
demência
dizem ser o teu nome do meio
mas és mais lúcida que a vida
pois do teu ventre nasce a seiva
do ódio nunca concretizado
rasga o pó do caminho
foge de casa sem destino
e tenta encontrar-te de novo
vai de Boticas para Argos
carrega o peso dos teus encargos
como quem leva penas às costas
procura uma nova vida
longe do que conheces
e faz da tua partida
a festa que mereces.
a partir de "Mal Nascida" de João Canijo.
Uma Electra destes tempos...
domingo, 8 de novembro de 2009
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1 comentário:
odiei esse filme.
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