Sei que já foste gaivota
És tão antiga a voar
Sabes da ilha remota
Que só se encontra no mar
Leva-me ave do destino
Faz de mim o teu poente
Tu que és quase, quase um anjo
Faz-me perto de ser gente
Sei que já foste gaivota
Candeia de um pescador
Amante de caravela
Aquele voo incolor
És um anjo sem andor
À procura de uma estrela
Quase nada, quase dor
Quase vão de uma janela
Sei que já foste gaivota
Sei de cor por onde andaste
Sei de cor todos os mapas
Do coração que traçaste
Leva-me ave do destino
Faz de mim o teu poente
Tu que és quase, quase um anjo
Faz-me perto de ser gente
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já andei pelos telhados
para me vingar do céu
abri feridas na lua
mas de todos os pecados
aquele que me perdeu
foi demorar a ser tua
fui de viela em viela
bebi água da chuva
dormi onde me acolhiam
tive casas sem janela
mais de mil vezes viúva
dos amores que me morriam
já marquei homens dos tais
roguei pragas a quem passa
ganhei fama de vadia
como os gatos dos quintais
fui caçadora e fui caça
mas só queria companhia.
João Monge
palavras para quê? quem escreve assim nasceu de uma estrela e chegou à terra com uma caneta na mão
domingo, 18 de outubro de 2009
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