Quando se voltaram a ver já não tinham nada para dizer um ao outro.
Já tinha passado tanto tempo desde a altura em que trocavam palavras, fossem elas escritas ou ditas. Olharam-se nos olhos e apenas viram lágrimas, e talvez, lá no fundo, aquilo que eles tinham sido. Talvez não tivesse sido nada, apenas o fogacho normal que a juventude traz a todos nós, mas na altura tinha tido toda a importância. As coisas são importantes enquanto as vivemos, depois vamos aprendendo a relativizar aos poucos (e talvez seja esse o mal). Não trocaram qualquer palavra sobre o passado e não tinham nada para falar acerca do futuro. Já não tinham nada a ver um com o outro, já não se reconheciam. No entanto, as lágrimas continuavam a cair-lhes pela cara, e eles faziam um esforço para imaginarem aquilo que podiam ter sido, aquilo que podiam ser, aquilo que nunca serão. Tinham vivido a idade das ilusões e tinham-nas guardado como se se tratasse de algum objecto de valor.
Por fim, abraçaram-se.
Não sabem dizer por quanto tempo, também o tempo não é importante para estas coisas, apenas o gesto.
As lágrimas pararam de correr e conseguiram, por fim, sorrir.
Voltaram a ser o que eram, nem que tivesse sido por um breve instante.
terça-feira, 9 de março de 2010
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2 comentários:
Posso-te roubar este texto? (Com a devida autoria obviamente). Adorei. Adorei. Adorei.
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