terça-feira, 11 de agosto de 2009

Allen e Almodóvar (e tanto mais...)

Continuo a gostar de Woody Allen e Almodóvar.
A ler Mia Couto e Agualusa como se fosse a primeira vez.
A ouvir a Fernanda Maria, a Maria da Nazaré e a pensar que se fosse Mulher a minha voz seria uma mistura das duas (o que é um tanto complicado visto uma ser exímia nos agudos e a outra nos graves).
Acho que continuo a ter uma paixão secreta pela Simone de Oliveira (que ela nunca venha a ler isto, ou se ler que me tente contactar) e pelos "nossos" poetas (que o Ary continue a ser o meu tango ribeirinho, as minhas sete letras; que o David seja sempre o meu Começar de Novo; que o meu eterno Vasco de Lima Couto continue a dar-me uma mesa sem ninguém e uma cama com tão pouco...).
E nunca me vou esquecer dos meus actores: do Perry do homem dos olhos tristes; da Marina no ora bolas pró parque (doce memória, a minha primeira paixão pelo teatro); da Maria do Céu Guerra nessa profissão da Senhora Warren; do João D'Ávila no seu alter-ego do Inspector Geral; da Batarda no Ibsen; do Cintra na tragédia de Júlio César, e tantos..tantos outros maiores do que eu (talvez um dia chegue ao calcanhar de um deles, talvez um dia possa pertencer a esse selecto grupo).
Continuo a chorar com a lágrima, com o grito, com a valsa dos eternos amantes, com o sei de um rio e tantos outros fados que me trazem recordações de tanta coisa distinta.

Ainda me emociono pelo Teatro, talvez não consiga derramar as lágrimas em palco mas fora dele continuo a chorar por não saber o que a vida me reserva, por não saber se terei sempre umas tábuas onde alguém me possa ver. Não sei viver sem isto, respiro tudo aquilo que engloba o representar, amo ver um filme, ver uma peça (e sinto uma inveja por não ser eu que estou ali, por ainda estar tão no início...). Claro que ambiciono fazer os grandes... desespero pelo Lear, pelo Ricardo II, quando chega a minha hora de também eu fazer o Pirandello, o Ibsen, ou até mesmo um Neil Labute (sempre uma boa surpresa) e um Genet (vencer o medo e fazer o tal Genet, ir para lá das barreiras e pensar que sou capaz de fazer aquilo que me é pedido). Tenho medo de um dia me tirarem as tábuas e eu ficar no vazio, não saberei o que fazer nesse dia, também sei que vou lutar até ao fim para que isso não aconteça e para que tenha sempre o meu lugar.

Quero ser irreverente como o Jarmusch, ter a nostalgia do Wenders, a simplicidade da Isabel Coixet, o despojamento do Lumet, a ousadia do Lynch, o deslumbramento do Bergman, a paixão do Antonioni, o tempo do Manoel de Oliveira... e tantos, tantos outros que fazem parte de uma lista infindável...acabo por onde comecei...

...com o humor do Allen e o fogo escondido do Almodóvar...
entre um e o outro, talvez esteja o meu ponto de equílibrio.

4 comentários:

Niusha disse...

E tu és a junção que fazes dessas coisas que conheces.
E tu sabes o que vales, nunca deixes ninguem tirar o teu espaço, aquele que só a ti pertence... A ti e àqueles que te pertencem.

Anónimo disse...

Quero só deixar um comentário aos meus "não comentários" a todos os textos anteriores: não perdi nenhum, gostei de todos, com todos aprendi muito mais do que esperava (mas a maravilha de ter alunos assim, é que se aprende sempre, até o inmaginável!!!) e "derreti-me" com a incomparável sensibilidade de cada uma das suas palavras.
Continuarei a ser uma fiel, atenta, veneradora e muito agradecida leitora das suas palavras.
Obrigada, Renato!
Deus é mesmo muito meu Amigo!
Um beijo
C.

Anónimo disse...

inimagimaginável
(fica mal dar erros!)
C.

Anónimo disse...

inimaginável
(está difícil!... Mas eu sou capaz!)
C.