segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Quando Vieres Logo À Noite

quando vieres logo à noite
rosto aberto e desejado
embora não vendas tudo
ao coração sem mercado
adianta-me o silêncio
que faz brisa ao pé do mar
para eu estar prevenido
quando o silêncio chegar

depois na feira dos olhos
que tanta poeira fazem
como quem vende bondade
às sombras da vadiagem
adianta-me a tristeza
sob as tranças do luar
para eu estar prevenido
quando a tristeza chegar

e se puseres tuas mãos
nesta varanda inquieta
de tanto ouvir a distância
das palavras do poeta
adianta-me a saudade
do teu corpo sem lugar
para eu estar prevenido
quando a saudade chegar.

Actor como todos nós,
poeta como poucos o foram...
Vasco de Lima Couto

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