quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Incógnita Variável

rasga esses versos.
talvez nunca os tenhas lido
se o não fizeste, também não é uma boa altura para o fazeres.
às vezes deviamos esquecer aquilo que fizemos, e muito menos escrever sobre aquilo que fazemos, pois nunca sabemos se vamos gostar de reler aquilo que fomos
alguns não sabem o que foram
muito menos o que serão
o futuro é a nossa incógnita variável e pode ir por estradas em que nunca passámos
não leias aquilo que fomos
esfuma-se da memória os pedaços de vida que fomos deixando por aí
desapareceram os aniversários
hoje já ninguém faz anos
nem temos velas por onde possa soprar o vento do nosso corpo
a brisa que existia já não é variável
já nem existe uma brisa em nós
apenas o leve barulho das folhas que ainda caem
não corras para apanhá-las, vão sempre fugir-te das mãos
a vida esqueceu-se de traçar o nosso rumo
e a palma da nossa mão já não sabe o que há-de dizer-nos
desaparecemos por entre o inverno da nossa memória
hoje, na nossa cabeça, existe apenas um frio sem agasalho
e contudo é outono, novembro voltou,
e tudo continua a ir por este rio acima...

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