Os olhares cruzaram-se e os dois coronéis desmaiaram, vindo a cair, mais tarde, dos seus altivos cavalos. Isto nao é uma história vulgar, é antes uma preciosidade que nunca ninguém se atreveu a contar, uma daquelas histórias que nunca mais vão acontecer, principalmente porque é difícil encontrar um coronel sem um olho e outro sem um braço, como se as suas defeciências motoras fossem uma medalha que transportam ao peito. Quando as pistolas apontaram os dois coronéis pensaram em fugir mas também como um dos homens que apontava era perneta e o outro tinha uma corcova não havia problema nenhum (era quase como se aquele encontro fosse um encontro secreto de gente com quezílias no corpo, um desses encontros secretos que se fazem a céu aberto todos os dias).
Bem, para dizer a verdade esta história não tem sentido, pelo menos porque até hoje nunca ninguém ouviu falar destes tais coronéis nem dos dois outros homens, talvez um dia vá nascer disto tudo uma telenovela qualquer (rezo para que seja mexicana) e tudo isto adquira a sua devida importância. Quanto a mim não tenho mais nada a dizer, não sou escritor de telenovelas e muito menos sobre velhas histórias do Oeste, e muito, mas muito menos, sobre histórias que envolvam coronéis e bandidos. Se me deixassem contar a história do cavalo é que era bom, era mesmo bonito o raio do cavalo, mas também como não tinha um dente se calhar é melhor esquecer a história e fixar-me apenas nos dois coronéism (espera lá, mas eu disse que não podia escrever sobre os tais coronéis...então falo do quê?) Se calhar eles eram casados, talvez uma das mulheres até não tivesse uma mão e a outra lhe faltasse o dedo mindinho, eu pelo menos acho bastante graça à ideia de alguém não ter o dedo mindinho, quer dizer...se calhar não tem assim tanta piada...a bem dizer isto tudo não tem assim grande piada e deverá ser dos textos mais estúpidos que eu já escrevi. Lá vão dizer que estou a baixar o nível, que já não sou o que era, se calhar até vão referir que brequei, que já não dou mais, que me ultrapassaram...ai meu Deus que fui atropelado e nem dei conta!! Será que ainda vou a tempo de mudar? Não! É tão bom ser calão e não dar explicações a ninguém, ser preguiçoso, cometer pecados capitais e depois ir confessar-me...ai Renato, Renato...és uma sombra do que foste ou daquilo que vais ser? Em que te transformaste? Naquilo que és, o melhor ser humano do mundo! Chamem o Beckett por favor, estou aqui a dar provas da minha inteligência, sim sim, sei falar de Beckett, de Pinter, Pirandello, vejam como eu sou culto e as coisas que eu sei, mas será que a inteligência me serve de alguma coisa? A inteligência não dá presença em palco...caramba! Que pena o ser inteligente não me servir de nada, se ao menos tivesse jeito para representar, isso é que eu gostava! Não se pode ter tudo não é? Logo por desgraça fui nascer com cérebro. Que pena não ser dinossauro...talvez se eu fosse dissessem que sou inteligente no palco e que tinha presença. Pode ser que ainda me nasça outra mão, e assim ao menos vou para o circo e sirvo de aberração.
Adoro naquilo que me tornei, porque não mudei nada, ao contrário de outros.
Que a pele nunca me caia e seja sempre o mesmo camaleão. O meu cérebro agradece.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
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1 comentário:
LOOOL eu não consegui parar de rir, se queres que te diga.
Já para não dizer que me identifico muito com as tuas palavras.
Mas vale sempre ser culto e inteligente...ao menos falaste aí de três nome que muitos nem sabem de onde são...Mas ambos sabemos que eles são óptimos cantores e compositores de música punk-rock! (E agora? Quem é que decifra isto? Os com cérebro ou os dinossauros?)
Ainda me estou a rir.
E se 'brécaste' não foi na escrita com certeza (nem em palco, nem em lado nenhum, poupem-me).
Continua, rapaz, continua!
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