sábado, 13 de junho de 2009

Naufrágio...

Nunca sabemos o que salvar no meio de um naufrágio, pelo menos deve ter sido isso que pensou Robinson Crusoé quando se viu atirado para uma ilha, sim, apeteceu-me falar de Robinson Crusoé, e também de uma ilha...vivemos todos numa ilha, felizmente numa em que não temos de conviver com o Alberto João Jardim se não, com certeza, que rapidamente iríamos construir um bote e fugir rumo ao Atlântico, mesmo que isso custasse a nossa vida, antes isso do que viver com o fascismo encapuçado. Mas não quero falar de política, prefiro ficar-me pela ilha...pela água...pelas árvores...e lembro-me de fruta, muita fruta pelo chão e nas próprias árvores, fruta apodrecida muitas vezes, também nós aqui, na nossa ilha, temos muitas vezes de conviver com fruta apodrecida e fingir que ela ainda está madura. Todos naufragamos sem nos apercebermos das dimensões do naufrágio, somos todos um barco com destino no vazio, no marasmo, na impaciência também. Porque é que navegamos? Porque é que não paramos no meio do oceano e ficamos apenas a olhar para as gaivotas, e porque não desejarmos ser uma gaivota? Mas uma que nunca pouse em terra, uma que ande sempre de rocha em rocha, apenas isso...o mar e as rochas. Não sei se conseguia ser gaivota, deveria morrer de medo de me cair uma pena e já não conseguir voar...e não ia gostar de ser uma gaivota sem uma pena, tinha que as ter a todas. Aos domingos também não me importava de ser rocha e de ficar quieto, a receber as outras gaivotas, senti-las no meu dorso enquanto a água ia batendo em mim, enquanto as ondas se desfaziam ao chegarem-se a mim, é sempre assim, desfazemos sempre tudo aquilo que nos toca, não sabemos ser cuidadosos, somos brutos por natureza. Tudo isto nasceu com Robinson Crusoé, ou talvez com o náufrago do Tom Hanks, aquele que por amigo tinha uma bola e que mais tarde regressa a casa e já não tem lá nada que o espere, que o identifique. A ideia do naufrágio persegue-nos, a ideia de perdermos tudo no mar, ou talvez na rua, seja onde for...o perder tudo. Isso é o que nos assusta...bem...isso e o infinito e mais além (sim, deu-me para referir o toy story agora...) enfim, vou deixar-me levar mais um pouco...rumo a esse infinito.

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