quarta-feira, 10 de junho de 2009
Fim da Vida
"Sabes o que é pior? Saber que um dia vou morrer e que ainda deixei muita coisa por fazer aqui...agora que estou a chegar ao fim da vida é que apercebo que não fiz nada daquilo que realmente queria, apenas comecei as coisas, nunca as terminei, deixei tudo incompleto, é triste sabes...é triste chegar a este ponto em que já não temos mais caminho e sentir que agora é que tudo estava a começar, que agora é que ias começar a saber viver. A vida marca-nos, fere-nos, dá-nos golpes que nunca imaginámos receber e principalmente...principalmente ela é esquiva, foge-nos por entre os dedos sem dar-mos conta dela, o tempo passa por nós, sabes? O tempo passa por nós e não tem pena nenhuma. Não me arrependo de nada do que fiz, sabes? Quer dizer, obviamente que há coisas que eu poderia ter feito de outra maneira, e se fosse hoje certamente que seria tudo diferente, mas faz parte dar pequenos erros, ter algumas falhas pelo caminho, eu pelo menos penso que sim. Gostava de ter escrito um livro, sabes? Um livro daqueles cheio de histórias, um daqueles de que eu pudesse ficar orgulhoso quando o desse a ler aos outros, um daqueles que os outros pudessem ficar orgulhosos de mim quando o lessem, sim...gostava de ter escrito um livro. Gostava de ter feito tanta coisa, de ter visto muitas coisas nascerem das minhas mãos, percebes? Sinto que as minhas mãos deixam muito por fazer, como se elas fossem construtoras de algo que nunca vai existir, é estranho...é estranho tudo isto, todos estes pensamentos, mas talvez seja o normal quando se chega a este ponto, a esta encruzilhada. Não gosto de pensar no que ficou para trás, se ficou para trás é para lá ficar, mas talvez no final da vida devesse-mos rever tudo aquilo porque passámos, tudo aquilo que aconteceu, sim...talvez isto seja normal para um velho como eu. Bom, já deves estar farto de me ouvir, muito bem. Vou deitar-me e talvez seja hoje que a morte me visite, ao menos que venha durante o sono e não bata à porta. Nunca gostei de estranhos..."
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2 comentários:
agora vem cá e traz-me lenços de papel para eu limpar as lágrimas.
traz para dois... Adoro-te meu eterno camarada!
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