segunda-feira, 23 de março de 2009

Casa

Vou dizer adeus à casa onde talvez tenha nascido o que hoje sou. Não tenho pena do que deixo para trás, as memórias são minhas e essas vão comigo, passei algumas coisas por entre estas quatro paredes do meu quarto, momentos especiais e outros que prefiro esquecer (felizmente mais os especiais), não sei se noutro sítio poderei ter o que tive aqui, o crescimento de que ela foi testemunha. Aos poucos vou-me despedindo (já faltam tão poucos dias...), em um ano e meio o quanto eu vivi aqui, quanto tempo passei aqui dentro, com a cabeça à janela (às vezes empoleirado nela) a ver as horas a passar, apenas isso...a ver o tempo ir-se embora. Foi bom, fica aqui muita coisa escrita, muita coisa vivida, muitas noites perdidas, muitas tardes vividas, tanta tanta coisa...que afinal de contas é aquilo que nos forma e nos faz progredir. Não me esqueço do que aqui vivi (tal como nas casas anteriores...) e vai tudo comigo, fica a lembrança de um local especial que agora apenas poderei ver do comboio (se esta estação também podesse falar...), um pouco de mim fica neste lugar. Quanto a mim, continuo comigo...

Adeus à casa
Foi como um golpe de asa
Voei para longe daqui...
Deixei nas paredes
Um pouco de mim

Somos memória
E a nossa história
Nasce dos lugares
Onde inventámos a felicidade

Fica o sangue latente
Por entre quatro paredes
E uma janela aberta
Para essa praia deserta
Que todos procuramos

Fica tudo no mesmo lugar
Apenas eu tive de mudar
E aqui a vida continua
Sem mim...

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