segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Desde Que Me Deixem Ser Vida

Escrevo as mais belas palavras
Que a língua portuguesa deu ao mar
Sou o sal sem rota da nossa terra
Sou o trigo que cresce farto no campo
E sou a vida do meu povo trabalhador

Fiz-me uma enxada de terra lavrada
E sou semente ainda por crescer
Sou a minha terra toda ela levantada
Pela alvorada que não sabe morrer

Hoje eu escrevo à pátria
Dentro de mim Camões, Pessoa
E nos poemas que escrevo
Há um pouco de Lisboa
Que é um pouco de saudade

Hoje sou o campo liberto
Sou a Avenida iluminada
E eu que vivi no deserto
Encontro, enfim, o "Encoberto"
Que era a voz de um povo
Assassinada

Hoje sou D. Sebastião
E sou o ventre de onde saí
Sou a fome daquilo que fui
E sou aquilo que vivi

Hoje sou o grito que vem do fundo
E que se faz dia perante o sol
O Astro Rei escrito
A palavra dita e repetida
Sou tudo o que quiserem
Desde que me deixem ser Vida!

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