domingo, 19 de outubro de 2008

Dei-te Um Nome Em Minha Cama / Preciso de Espaço

Dei-te um nome em minha cama
Aberta no meu Outono
Depois amei-te em silêncio
Que é uma forma de abandono

Dei-te um nome em minha cama
Rasgada em lençóis de sono
Tentei ser tudo o que era
No gesto da mão parada

Campo e corpo aberto ao vento
Que encaminha a madrugada
Tentei ser a Primavera
Mas chorei meu triste nada

Vi-te ao canto da memória
Por te viver e sonhar
Amor de amor sem glória
Como um rio ao começar
Que te veio contando a história
Onde eu não posso morar.

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Preciso de espaço
Para ser feliz
Preciso de espaço
Para ser raíz
Ter a rede pronta
Para o mar de sempre
Ter aves e sonho
Quando a terra escuta
E falar de amor
Aos tambores da luta

Ter palavras certas
No sol do caminho
E beber a rir
O doirado vinho
Misturar a vida
Misturar o vento
E nas madrugadas
Quando o povo abraço
Para estar contigo
Preciso de espaço

Preciso de espaço
Para ser feliz
Preciso de espaço
Para ser raíz
Caminhar sem ódio
Falar sem mentira
Ter meus olhos longe
Na luz d'uma estrela
E ser como um rio
Que se agita ao vê-la.

Vasco de Lima Couto

As tuas veias eram rios de fado
Que corriam pelas palavras...

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