sábado, 4 de setembro de 2010

Falando de paixões, tenho de falar de François Ozon e Christophe Honoré.

8 MULHERES, é um dos "meus filmes". Nenhum homem teve a sorte de juntar no mesmo plateu Catherine Deneuve, Fanny Ardant, Isabelle Huppert, a veterana Danielle Darrieux e as jovens promessas (e hoje confirmações): Virginie Ledoyen e Ludivine Sagnier. Já não se fazem actrizes como Sagnier (e SWIMMING POOL, de Ozon, também é prova disso); a sexualidade nunca teve um aspecto tão animalesco como com ela. Também já não existem actrizes com a classe de Deneuve (actriz que imagino sempre em Paris, e nunca num subúrbio qualquer), já para não falar da grande actriz de composição que é Huppert (mas dessa já todos sabem). 8 MULHERES, nada mais é do que oito mulheres dentro de uma casa, todas à procura de quem é a assassina do marido de Deneuve, e nada mais nos dá do que oito grandes actrizes a representarem a um mesmo tempo, embora de modos diferentes. Ozon é capaz disto como da surpresa que foi ANGEL e RICKY (o primeiro um melodrama dos mais clássicos e o segundo encaixa-se num certo realismo fantástico, ao vermos um bebé que nasceu com umas asas de frango, nem mais, umas asas de frango). Este é o homem que tanto toca no realismo fantástico como é capaz das "crónicas" mais citadinas, como são exemplo: 5x2 e O TEMPO QUE RESTA. Estreia esta semana, em França, o seu novo filme: POTICHE (mais uma vez Deneuve, e desta vez acompanhada por Depardieu); cá espero...

Honoré vem nesta mesma tradição e traz o doce cheiro de Paris, junto com o doce cheiro do melodrama (e até o género musical passa por ele). AS CANÇÕES DE AMOR, A MINHA MÃE, EM PARIS e A BELA JUNIE, são disto exemplo. Cada um dos filmes tem a presença de Louis Garrel (e do seu penteado inalterável) e a presença de figuras femininas inesquecíveis: seja Sagnier, Huppert, a surpresa que é Léa Seydoux, ou a inquietante Chiara Mastroianni (o resultado da junção entre Deneuve e Marcello Mastroianni). Filmes inquietos, com algus restos daquilo que pode ser uma tragédia moderna (existe sempre uma morte, mas nunca como motor da história). Filmes poéticos e impregnados de canções, velhas canções de amor a fazer lembrar Brel ou os melhores tempos de Aznavour.

Ninguém faz filmes como os franceses, não é à toa que só eles poderiam ter feito a Nouvelle Vague. Não sei o que França tem nos seus ares, mas seja o que for respira a Arte, a uma arte sempre nova e renovada.

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