terça-feira, 13 de abril de 2010

O Amor Não Se Desata

Enquanto, perverso, rias
Tu fizeste o que podias
Para eu deixar de te amar:
Tornaste as noites vazias
E, não fosse eu querer esperar,
Anoiteceste os meus dias.

Inventaste mil pecados
Que eu não tinha cometido
(mil mentiras sem sentido);
Desmanchaste os meus bordados
E retalhaste o vestido
Com que eu me tinha casado

Como bem sabes agora
(e hás-de sentir vida fora),
Tanto mal era escusado.
Se te querias ir embora
Não ganhaste com a demora
Senão partires mais culpado

Não nego que me doeu,
Mas juro que, até à data,
A dor de nada valeu:
O amor não se desata -
E a tua paixão morreu,
Mas a minha não se mata.

Maria do Rosário Pedreira

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