domingo, 7 de dezembro de 2008

O Enforcado

No gesto suspensivo de um sobreiro,
o enforcado.

Badalo que ninguém ouve,
espantalho que ninguém vê,
suas botas recusam o chão que o rejeitou.

Dele sobra o cajado.

Alexandre O'Neill

Ali está o corpo esquecido
como viveu...
Suspenso á terra
como se fosse uma marionete
que alguém esqueceu de manipular

Os corvos já lhe comem os olhos
e a boca já foi mais vermelha,
agora tem apenas a cor pálida
de uma cor que já não existe

As formigas olham para o corpo
e têm gula...

Chora o mundo
pela morte de um homem.

Sem comentários: